Sinopse: Motivos para justificar a saudade dos amigos e dos fãs o carioca Antonio Carlos Bernardes Gomes (1941-1994) deixou vários. O maior deles foi o sorriso do personagem que o eternizou: o trapalhão Mussum – seu nome oficial para o resto da vida. Para homenageá-lo, o Canal Brasil exibe no programa Retratos brasileiros, um documentário que resgata as memórias do comediante, que morreu há dez anos, vítima de uma infecção generalizada, após ter o coração transplantado.
Dirigido por Sérgio Rossini, o especial traça a biografia de Mussum, desde sua passagem pela música, cantando e tocando reco-reco no grupo Os Originais do Samba, no início da década de 60, até o sucesso ao lado dos trapalhões Renato Aragão, o Didi, Manfried Santana, o Dedé, e Mauro Gonçalves, o Zacarias. No filme, é Dedé quem conta as histórias mais emotivas.
- Tenho visto todo mundo relembrar os dez anos da morte do Ayrton Senna, que se foi em 1994, mas vi poucos falarem do Mussum, que também foi um campeão. Um campeão do riso. Ele foi o meu grande amigo. Quando vejo alguma reprise dos nossos filmes, até saio de perto, emocionado – diz Dedé, que hoje mora em Blumenau, Santa Catarina.
Dedé lembra que Mussum chamou sua atenção como potencial comediante após tê-lo visto numa ponta ao lado de Chico Anysio, na Escolinha do professor Raimundo. Depois, foi conferir sua performance de palco, nos Originais. – Às vezes, no meio do show, ele parava de tocar, se dirigia à platéia e começava a contar umas histórias engraçadas. Botava todo mundo para rir. Lembro de ter dito para o Renato: Qualquer programa americano em que se coloca um ator negro dá certo. Vamos apostar nesse cara. Deu certo porque o Mussum nasceu cômico – elogia Dedé.
- Mussum era uma alegria. Foi muito difícil ver os caras de que eu gostava partirem, como o Zacarias e também o Tião Macalé, um trapalhão adotivo, diz Renato Aragão.
Há quem diga que o charme de Mussum era sua espontaneidade. O diretor Wilton Franco, que chegou a comandar Os Trapalhões na Globo, observa que ele era na vida o palhaço que encarnava no ar: – Mussum não era versátil como ator, mas nem precisava ser. Ele não fazia tipo. Ele era engraçado 24 horas por dia, naturalmente. O pesquisador musical Hermínio Bello de Carvalho nunca esqueceu o entusiasmo de Mussum, ao lado dos Originais, durante a apresentação do samba Sei lá, Mangueira, que compôs com Paulinho da Viola para o Festival de Música da Record de 1968: – Quando acabou a apresentação, com a Elza Soares cantando, o pessoal dos Originais do Samba, que tocou com ela, ficou muito excitado. Aí o Mussum disse: Pô, Hermínio, vocês vão dividir o prêmio com a gente, né?. Ele achava que era certo ganharmos. No fim a música nem foi a vencedora, e a Elza ganhou apenas como melhor intérprete, como consolação.
Mussum tinha a Estação Primeira de Mangueira no coração. E a escola não se esqueceu dele, como comprova seu diretor-financeiro, Nilton de Oliveira, que serviu com o trapalhão na Aeronáutica: – Mussum não era um filho da Mangueira, mas sempre teve uma identificação forte com a escola. Chamávamos ele de palhaço antes mesmo do sucesso na TV.
Nilton relembra um divertido caso do compadre. Na verdade, tragicômico: – Quando jovens, tínhamos a mania de rodar o morro atrás de festa. Um dia, vimos lá em cima uma única luz acesa. Ao chegarmos, vimos que era um velório. Acabamos ajudando a carregar o corpo para fora. Mas como o defunto era pesado, sem querer o deixamos cair do caixão…
Um dos destaques desta edição do Retratos brasileiros é um resumo das melhores cenas de Mussum no cinema, incluindo sua participação no documentário No mundo dos Trapalhões (1981), de Sílvio Tendler, que, um tanto acima do peso na época, era alvo das brincadeiras do humorista. O cineasta relembra: – O grupo era mais engraçado fora do que dentro da tela. E o Mussum, o mais gozador. Ele me chamava de rolha de poço sempre que me via.
Mussum foi considerado por muitos o mais engraçado dos Trapalhões.No programa, popularizou o seu modo particular de falar, acrescentando as terminações is ou évis a palavras arbitrárias (como forévis, cacildis, coraçãozis) e pelo seu inseparável mé (ou mel, que era sua gíria para cachaça). Numa época em que ainda não havia o patrulhamento politicamente correto, Mussum se celebrizou por expressões onde satirizava sua condição de negro, tais como negão é o teu passadis e quero morrer pretis se eu estiver mentindo, além de recorrentes piadas sobre bebidas alcoólicas.
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